A crescente produção de resíduos sólidos urbanos tem causado impactos negativos significativos nas infraestruturas hídricas, comprometendo sistemas de drenagem e contribuindo para eventos de alagamento, resultando em perdas ambientais, sociais e econômicas. O aumento na geração de resíduos, aliado à expansão urbana, intensifica os desafios relacionados à coleta, destinação final e impactos sobre os corpos d’água. É frequente o acúmulo visível de resíduos em rios, canais e reservatórios, comprometendo a qualidade da água e o desempenho das infraestruturas hídricas em grandes centros urbanos.

No âmbito do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Bacia do Alto Tietê (PGIRS-AT), contratado pela FABHAT – Fundação Agência da Bacia Hidrográfica, com a EnvEx Engenharia e Consultoria, foi desenvolvido um estudo cujo objetivo foi analisar o aporte de resíduos sólidos em corpos hídricos e avaliar a eficácia do uso de barreiras flutuantes como instrumento de retenção e monitoramento desses resíduos ao longo de 12 meses.

A metodologia envolveu a instalação de barreiras flutuantes móveis em duas sub-bacias representativas da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, localizadas nos córregos Novo Mundo e Jaguaré, no município de São Paulo. Foram realizadas 71 campanhas de coleta entre setembro/2023 e setembro/2024, com separação e pesagem dos resíduos em base seca, além de diagnóstico das fontes potenciais de geração de resíduos e análise das condições locais.

Os resultados indicaram a coleta de mais de 1,1 tonelada de resíduos sólidos flutuantes, com predominância de materiais orgânicos (80%) no córrego Jaguaré e plásticos (29%) no córrego Novo Mundo. A análise revelou múltiplas causas para o acúmulo de resíduos, incluindo descarte inadequado, falhas na coleta pública, ausência de equipamentos urbanos e carência de fiscalização.

Baseando-se nos dados coletados, estimou-se um aporte diário de aproximadamente 55,73 toneladas de resíduos sólidos na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, totalizando cerca de 20.343 toneladas por ano.

Conclui-se que as barreiras flutuantes são ferramentas eficazes para o monitoramento contínuo do aporte de resíduos sólidos, contribuindo para a integração das políticas públicas de gestão de resíduos e recursos hídricos.

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