
Quanto lixo geramos?
Cada brasileiro gera, em média, 0,73 kg de lixo urbano todos os dias. Como somos 190 milhões de pessoas, no país são geradas diariamente 138,7 mil toneladas de lixo!
Para efeitos de comparação, essa quantidade é equivalente ao peso de 3,5 mil aviões Boeing 737-800 – com 40 toneladas cada. Curitiba e Região Metropolitana, com seus 3,3 milhões de habitantes, gera 2,5 mil toneladas por dia (peso equivalente a 62 aviões).
O perfil do nosso lixo urbano Segundo o SNIS – Sistema Nacional de Informações de Saneamento (2007), esse é o perfil do nosso lixo urbano. Lembrando que os resíduos industriais não estão na conta!
- mais da metade (55%) das 138 mil toneladas é resíduo orgânico (que poderiam ser compostados (logo farei um post só sobre compostagem));
- um quarto (25%) é papelão e papel;
- 13% são resíduos como tecidos, fraldas, tnt etc;
- 3% é de material plástico;
- 2% é material metálico;
- 2% é vidro.
Existem 3 destinos para o lixo urbano: compostagem, reciclagem ou destino final. O aumento desordenado da população, somado ao crescimento sem planejamento de grandes núcleos urbanos e em conjunto com a falta de educação ambiental, dificultam as ações e o manejo dos resíduos que, na maioria das vezes, são destinados para locais impróprios. São, por sua vez, 3 os possíveis locais que recebem os resíduos de forma permanente (destinação final).
Vazadouros a Céu Aberto (vulgo lixão) Vazadouros a céu aberto (lixões) constituem-se na forma mais inadequada de disposição de resíduos sólidos urbanos, pois não contemplam cuidados que evitam danos ambientais e à saúde. Os resíduos depositados em um lixão causam poluição ao solo, ao ar e à água; atraem vetores de doenças; não restringem os resíduos de serem levados pela ação do vento e por animais; não controla o risco de deslizamentos, fogo e explosões; e por fim mantêm, em sua maioria, catadores.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (2010 – link para download), metade dos mais de cinco mil municípios brasileiros destinam seus resíduos para lixões. Conforme o próprio relatório, “tal situação se configura como um cenário de destinação reconhecidamente inadequado, que exige soluções urgentes e estruturais para o setor” (PNSB 2008, IBGE 2010, página 60).
Aterros Controlados Segundo a NBR 8849/1985 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aterros controlados são mais apropriados do que os lixões, mas menos adequados do que os aterros sanitários.
Os resíduos sólidos recebem uma cobertura de solos ao final de cada dia, mas não é obrigatória a implantação de sistema de coleta e tratamento de líquidos percolados (chorume) e de sistema de drenagem de gases.
É comum nestes locais haver contaminação de águas e do solo. A falta de drenagem e queima dos gases faz com que se espalhe mal-cheiro. Esses gases, quando não queimados, contribuem de maneira negativa ao aquecimento global pois são compostos de aproximadamente 50% de metano – 21 vezes mais potente em mudar o clima do que o CO2.
Por diversas vezes, as características de funcionamento de aterros ditos “controlados” os remetem a lixões por, entre outros, não deterem impermeabilização inferior ou contarem com a presença de catadores individuais. Há, claramente, uma tendência de se utilizar a nomenclatura de aterro controlado como forma de “disfarce” de condições de recepção e tratamento dos resíduos típicos de vazadouros a céu aberto. Segundo o IBGE (2010), 23% do lixo no Brasil acaba em lugares assim.
Aterros Sanitários Segundo a ABNT NBR 8419/1984, a técnica utilizada pelo aterro sanitário para a disposição de resíduos sólidos urbanos no solo não causa danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando e mitigando os impactos ambientais.
O método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se for necessário. Aterros sanitários coletam e destinam resíduos sólidos urbanos de forma ambientalmente correta.
Raio-x de um Aterro Sanitário
Estes locais contêm necessariamente: sistema de drenagem das águas superficiais, sistema de impermeabilização de fundo e de laterais, sistema de drenagem de lixiviados e de gases, cobertura intermediária e final, monitoramento ambiental e geotécnico.
Aqui está um esquema bastante claro sobre o funcionamento de um aterro sanitário. Segundo o IBGE (2010), 27% do lixo no Brasil acaba em lugares assim – principalmente o lixo urbano das capitais e grandes regiões metropolitanas.