A Economia Ambiental é uma Ferramenta ainda Pouquíssimo Utilizada…

Desde que nós, Homo sapiens, desenvolvemos a linguagem há mais ou menos 50 mil anos, estamos causando impacto ambiental. Começou com os instrumentos de caça e as inscrições rupestres que seguiam vitórias e derrotas contra mamutes e dentes-de-sabre. Nossa espécie, entretanto, há apenas 200 anos somava menos de um milhão de seres. Nossos impactos eram, de forma prosaica, irrelevantes à escala de nossa casa-mor (a Terra).

Eis que ao final desse século montaremos 7 bilhões – vivendo de forma bastante distinta do que há 200 anos. Foi concomitante à expansão demográfica e aos longos ciclos de expansão econômica que os problemas ambientais afloraram. As mudanças climáticas talvez representem o ápice deste longo processo de transformação da Terra e de seus recursos naturais pelas mãos do homem.

Há, claramente, um abuso de nosso poder. Não podemos mais viver em harmonia com os demais 6.999.999.999 humanos se não decidirmos qual é o nível de impacto que estamos dispostos a incorrer para continuarmos como mais uma espécie a coabitar a Terra – e permitir que nossos filhos, netos e bisnetos também o façam!

Nesse contexto, a economia ambiental apresenta inúmeras ferramentas para mensurar os impactos ambientais que causamos – ou pretendemos causar – para então pensarmos se estamos dispostos a incorrê-los. Ela o faz justamente na moeda de mais fácil compreensão ao homem moderno – a monetária.

Belo Monte? Talvez sim… talvez não. Só o EIA/RIMA não é suficiente!

As análises de impacto ambiental, esmiuçadas em grande detalhe nos seus relatórios de vários volumes, são fundamentais ferramentas de decisão – pontuais e locais. Não auxiliam na decisão do nível ótimo de impacto que aceitamos – como sociedade – ter. Será impossível seguirmos analisando pontual e micro-espacialmente os impactos de nosso estilo de vida atual. Precisamos de ferramentas holísticas.

Tomando a Hidrelétrica de Belo Monte como exemplo: a discussão está sempre entre o crescer ou preservar. E que tal seria se nas contas de viabilidade da Usina estivessem inclusas as consequências das modificações no Rio Xingu à fauna, à flora e também ao estilo de vida dos habitantes da região?

Talvez concluíssemos que Belo Monte deveria seguir adiante. Ou julgaríamos seus custos como insuportáveis. Quiçá se conclua que a energia eólica é, para a sociedade como um todo, melhor – mesmo sendo mais cara. Mas eu não sei. Você não sabe. O Governo tampouco. Todos sabemos, porém, tomar decisões econômicas – ninguém compra 2 por 3.

O que a economia ambiental oferece é a chance de ponderarmos nossas decisões – na mesma moeda – as opções que temos. Por enquanto continuamos a negar as ferramentas existentes, discutindo ou crescer ou preservar de forma pontual e micro-espacial. Mas não é essa a questão…